:::: MENU ::::

sábado, 22 de fevereiro de 2014


Relatório sobre a geopolítica do petróleo apresentado como requesito avaliativo à disciplina tópicos especiais em desenvolvimento: dependência e independência latino-americana

Aula ministrada no dia 01 de fevereiro de 2014 
Professor: Lucas Kerr 
Autor: Rogério dos Santos Corrêa

Eixos centrais: Relação entre energia e poder; geopolítica; recursos energéticos das energias renováveis 


GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO E DOS RECURSOS ENERGÉTICOS 

Um dos temas que sem dúvida alguma tem repercutido bastante é a questão dos recursos energéticos, estes há tempos tem sido o centro das atenções do mundo polarizado, quer seja no Centro, quer seja na Periferia, o que não podemos descartar é que de certa forma, os recursos existentes nessas zonas manifestam-se com grau de importância muito semelhante em ambos os polos, em alguns casos, os recursos energéticos chegam a ser a principal fonte econômica das regiões que possuem tal “privilégio”, como por exemplo, a Venezuela e alguns países do Oriente Médio. No entanto, o controle sobre esses recursos acaba desencadeando conflitos enormemente catastróficos, a exemplo disso, temos as duas grandes guerras mundiais e mais recente, a invasão no Iraque – evento este realizado pela maior economia do planeta, os EUA. Além do controle sobre os recursos do seu próprio território, algumas nações buscam ter o controle sobre recursos de fora do território do seu Estado. 

Algumas fontes de energias possuem custos aceitáveis e outras fontes se remetem à segurança nacional, um exemplo de energia a custo aceitável é o caso da geração de energia eólica, mas em outros casos, existem casos de geração de energia a um custo totalmente irreparável, como é o caso das usinas nucleares e usinas hidrelétricas. Alguns países possuem autossuficiência energética, como por exemplo, a Venezuela no continente latino-americano, em que sua economia está baseada na extração do petróleo bruto (petróleo pesado), outros possuem o controle de recursos de fora do seu território (os chamados recursos externos), como é o caso das grandes potências mundiais, no que se refere a um conjunto de regras, como a capacidade de compra, acordos militares, etc. ou seja, a segurança energética está baseada num conjunto de três estratégias, a autossuficiência, o controle de recursos de fora do Estado e a integração energética, esta última baseia-se na construção de infraestruturas para uso comum, geralmente se dá com países vizinhos que desejam compartilhar um com o outro seus recursos energéticos e diversificar suas fontes de energias. Os EUA, por exemplo, vive um processo de integração energética com o Canadá e com o México, mesmo que de maneira subordinada. 

Quando nos referimos aos custos dos recursos, podemos nos referir não apenas nos custos causados ao meio ambiente, ou seja, do custo em si, mas das tecnologias utilizadas e empregadas neles. Pois quando analisamos o processo pelo qual passa determinada geração de energia, podemos perceber o impacto que tem para o consumidor final, e isto acaba sendo um problema social, pois como mostraremos mais adiante, grande parte da população mundial não tem acesso a esses recursos. Abaixo destacamos algumas fontes de energia que são mais utilizadas no mundo. 

Combustíveis: utilizados nos meios de transportes, nas industrias, para uso residencial. Nos chama a atenção que cerca de um terço dos combustíveis consumidos são consumidos nas residências e setores de serviços, os outros dois terços são utilizados nas grandes indústrias. Outro ponto é que, cerca de 3 bilhões de pessoas não possuem acesso à fontes de energia que não seja a biomassa primitiva. O que caracteriza esses países como países que não possuem soberania sobre seus recursos energéticos. 

Os combustíveis fósseis: carvão mineral, gás natural, derivados do petróleo. Segundo um autor que não recordo o nome agora, ele afirma que vivemos num regime capitalista de acumulação fossilista, pois a geração de riquezas está estritamente ligada à exploração de recursos de combustíveis fósseis. 

Combustível nuclear: urânio, plutônio, tório. São fontes de energias altamente perigosas, pois, além de possuir um custo muito alto, podem ser utilizadas para a fabricação de bombas nucleares, como a bomba atômica. A pesquisa sobre enriquecimento do urânio foi abandonada no Brasil, pois não possuía e nem possui tecnologia para realizar a geração de energia deste tipo. 

Os biocombustíveis: biomassa, álcool, óleos vegetais, biodiesel, biogás. São uma alternativa aos combustíveis fósseis pelo seu baixo custo de produção, no caso brasileiro temos exemplos da produção do etanol e do óleo vegetal extraído da palma, segundo índices, a maior produção deste óleo está no estado do Pará. 

Hidrogênio: H2 – obtido por eletrólise ou células combustíveis. Devido ao seu alto custo, é considerado pouco eficiente, pois seus ganhos são relativamente pequenos. 

Calor natural – energia termossolar ou geotérmica. Fonte de energia praticamente limpa, pode se tornar uma outra alternativa para geração de energia, no entanto, países com climas temperados, não poderiam usufruir deste mecanismo, devido a baixas temperaturas e que na maior parte do tempo o sol quase não aparece. 

Conforme foi apresentado pelo professor Lucas Kerr, um quarto de toda energia mundial ainda é gerada através do carvão mineral. 

O controle e administração desses recursos energéticos muitas vezes excede as fronteiras territoriais terrestre, a exemplo disso existem os limites territoriais marítimos, que em alguns casos são cedidos através de pedido junto a ONU para explorar determinada área de interesse dos oceanos, em outras ocasiões o controle desse limite se dá através de decreto em que o Estado, por ter interesse na exploração, acaba tomando para si aquele território marítimo. 

O que pode ser preocupante e deve ser analisado cuidadosamente é o aumento substancial do consumo de energia ao longo do tempo, pois como se trata de combustíveis de fontes não-renováveis, em algum momento ele pode se esgotar, e seus prejuízos podem ser incalculáveis, pois existem setores da sociedade que dependem diretamente da geração dessas energias, não vou nem citar as indústrias para não parecer que somente essa seria a preocupação, mas citarei os hospitais que precisam de parte dessas energias para seguir com o tratamento dos pacientes internados e/ou que estão passando por exames e processo cirúrgico, bem como aqueles que estão fazendo o processo de hemodiálise, etc. Como comentado em sala, vale ressaltar o blackout que ocorreu em Nova Iorque afetando diretamente e causando colapso nos setores de transportes e comunicações. 

Diante dessa discussão, a projeção para a produção de petróleo caracteriza-se pela escassez relativa, grandes crises, consumo exagerado e lento desenvolvimento de poços de petróleo. Nos referimos ao petróleo porque hoje é uma das principais fontes de geração de energia no mundo, e que Lucas Kerr aponta a construção de poços do petróleo como um processo lento devido a seu grau de complexidade e sua alta tecnologia empregada. 

Kerr nos deixa a seguinte interrogação, “a potência tem que manter o domínio dos mares, desenvolver potencias marítimas cada vez maiores. Será que é suficiente manter a hegemonia regional para manter a hegemonia mundial?”. 

Sem dúvida alguma podemos olhar para o controle e geração das fontes de energia com um olhar mais cuidadoso, pois o destino do mundo está atrelado à elas. Muitos conflitos desencadearam-se a partir da disputa pelo controle dos territórios que tinham contido grandes quantidades desses recursos, no entanto devemos fazer uma análise do problema político, econômico e social de toda essa conjuntura. No caso brasileiro, há uma grande disparidade entre as regiões do país, isso é explicitamente claro, temos uma região mais industrializada, enquanto temos outra com grau de defasagem e atraso tecnológico-educacional muito grande. Como querer um processo de integração com outra nação se temos o próprio território desintegrado, marcado pela falta de interesse político, pela corrupção e pela desonestidade. Como querer uma nação desenvolvida economicamente se estamos entregando de bandeja praticamente todos as fontes de energia que o país possui. A concentração e centralização do capital desses recursos ficam nas mãos privadas. Um país rico não é apenas aquele que possui grandes quantidades de reservas de fontes de energias, mas é aquele que além de possuir tudo isso sabe administrá-lo e consegue repassar os benefícios adquiridos para a sociedade em geral. 



Bibliografia 

Anotações baseadas na aula expositiva do professor Kerr proferida na disciplina Tópicos Especiais em Desenvolvimento: Dependência e Independência Latino-Americana. Aula do dia 01 de fevereiro de 2014, realizada nas dependências da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA.

0 opiniões:

Postar um comentário

Expresse sua opinião!